Com dezenas de pesquisas realizadas atualmente nas regiões do Vale do Javari e Alto Solimões, dentro das mais diversas áreas de estudo, pesquisadores do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde da Amazônia (LAHPSA) do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) vêm alertando sobre os perigos que representa a presença de pesquisadores nos territórios indígenas e arredores nesse momento de conflitos, já que a mesma é vista como ameaça à ação de madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais, que vêm explorando de forma vil os recursos naturais que deveriam estar protegidos e a serviço dos defensores da floresta, segundo afirma nota divulgada no site da instituição.
As pesquisas em andamento são na área de medicina indígena, parteiras tradicionais, nutrição, saúde mental e epidemiologia comunitária, em parceria com organismos como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cujo trabalho requer esforço, investimentos, disciplina e uma boa dose de coragem para o enfrentamento de situações de risco, destaca o texto, para lembrar que a pesquisa é uma das ferramentas no processo de reafirmação da proteção desses territórios.
Enquanto a pesquisa ajuda a perpetuar tradições, reafirmar o sentimento de pertencimento para as novas gerações e tentar garantir a sustentabilidade dos povos originários, “a exploração clandestina desenfreada dos recursos naturais coloca em risco a sobrevivência dos povos indígenas, os leva à beira do abismo, acuados pelo medo e a morte”, afirma a nota.
Depois de alertar que pesquisador tem muito de jornalista e sua presença nos territórios tem a finalidade de contribuir para proteção da cultura dos povos, produzir conhecimento e mostrar ao mundo que defender os povos originários é proteger a Amazônia e nós todos, a nota da Fiocruz Amazônia lembra que o pesquisador navega pelas calhas dos rios durante as visitas às populações aldeadas e muitas vezes se expõe ao risco de confronto com grupos criminosos, experimentando a mesma sensação de medo e impotência.
Para a Fiocruz Amazônia, a ausência de fiscalização fortalece a atuação criminosa e interfere na condução dos estudos e representa uma total inversão de valores. “A caça e a pesca, originalmente atividades de subsistência para os indígenas, servem agora a interesses comerciais ilegais. Não há controle de acesso às reservas e as autoridades calam diante das ilegalidades. Quem denuncia decreta sua sentença de morte”, adverte.
“Pesquisadores, bolsistas, alunos de Mestrado, Doutorado e profissionais de saúde circulam por essas regiões para produzir uma saúde de qualidade e condições de vida para todas as populações amazônicas. Os desafios de realizar pesquisas são inúmeros, enquanto perdurar a insegurança nessas regiões para que não tenhamos novas tragédias como a de Dom e Bruno”, finaliza a nota.
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Da Redação com informações da LAHPSA
Foto: Divulgação/Ascom