Até a noite desta terça-feira, 7/6, cinco pessoas foram ouvidas sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips que estão desaparecidos desde o último domingo, 5/6, na região do Vale do Javari, no município de Atalaia de Norte. Quatro delas foram ouvidas na condição de testemunhas, e outra na condição de suspeito, conforme informou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), por meio de nota ainda na noite de ontem.
As buscas pelo jornalista, que é colaborador do jornal The Guardian e pelo o indigenista servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), reiniciram na manhã desta quarta-feira, 8/6.
Conforme o que foi divulgado pelo órgão, até o momento, ainda não há confirmação de pessoas presas por envolvimento no caso e todas as medidas cabíveis para auxiliar na elucidação do caso, em colaboração ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), Funai estão sendo tomadas.
A equipe de busca e salvamento vasculha os rios Javari, Itaquaí e Ituí desde segunda-feira. Sete militares da Capitania Fluvial de Tabatinga (AM), duas lanchas, uma moto aquática e um helicóptero estão sendo usados nos trabalhos, segundo a Marinha. Um outro helicóptero teria sido enviado à região, mas ainda não há confirmação de que está sendo usado.
Para o defensor público da União Renan de Oliveira, que atua no Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas, a resposta do Estado brasileiro ao caso é lenta. “Deveríamos ter aeronaves e muito mais pessoas envolvidas”.
Mergulhadores estão no local, mas não chegaram a atuar nos rios, porque não foram encontrados vestígios da embarcação ou sinais de conflitos. “Eles mergulham quando a gente identifica um local e suspeita que possa ter algo lá”, disse o subcomandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Agenor Teixeira Filho.
Onde passaram – Bruno e Dom foram vistos pela última vez por volta das 7h de domingo a bordo de um barco e sumiram no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja (Organização Representativa da terra indígena do Vale do Javari).
Segundo a Univaja, a dupla foi visitar uma equipe de vigilância indígena perto do lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no rio Ituí, para que o jornalista pudesse entrevistar indígenas que vivem no local. As entrevistas foram feitas na última sexta-feira (3) e, na volta, eles pararam em São Rafael, onde Bruno teria uma reunião com o líder comunitário “Churrasco” —ele teria se reunido com a mulher do líder comunitário, já que ele não estava.
De lá, os dois partiram em um barco de motor 40HP para Atalaia do Norte. Após um atraso de mais de duas horas na chegada da dupla, as buscas começaram.
“Não se usa esse tipo de embarcação”, disse Yura Marubo, assessor jurídico da Univaja, disse em entrevista coletiva. “Os barcos da nossa instituição são de 200HP. É veloz, rápido e uma questão de segurança e de prioridade à vida dos nossos profissionais dessa área”, observou.
Segundo Yura, no barco de 40HP o trajeto era previsto para durar cerca de duas horas. Em um de 200HP ou 300HP, a estimativa seria de meia hora. “Da forma como foi, está totalmente esquisito”, acrescentou.
“Não podemos descartar alguma outra hipótese. Mas desconhecimento de área por alguma fatalidade, errou o caminho, coisa do tipo que sempre acontece, isso está descartado, porque o Bruno era um exímio conhecedor tanto da caminhada em mata quanto em caminhadas de barcos”, disse Yura.
Os dois desaparecidos tinham 70 litros de gasolina e usavam equipamentos de comunicação via satélite.
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Da Redação
Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis