Com mais de 30 anos de vida pública na política, a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), falou de suas perspectivas para as eleições deste ano, intenções políticas, projetos e o que espera para o futuro do Amazonas e do Brasil, em meio a tantas polêmicas vivenciadas recentemente pelos brasileiros. A conversa ocorreu durante entrevista no quadro “Debate Político”, do Portal O Convergente, dessa quinta-feira, 19/5.
Durante a conversa, Vanessa Grazziotin explicou os motivos de, neste momento, não disputar uma cadeira ao Senado Federal e porque é pré-candidata a deputada federal pelo PCdoB, sigla esta que a ex-senadora está desde sua iniciação na política. Ela disse que pensou muito e que, a pedido de amigos, voltou ao cenário político, após perder as eleições de 2018, quando não conseguiu se reeleger senadora pelo Estado.
“Na realidade eu pensei muito antes de tomar essa decisão, de aceitar essa candidatura à deputada federal, mas em decorrência dos pleitos, debates e pedidos que a gente teve não só dos militantes do partido, mas de amigos, companheiros e dirigentes dos movimentos sociais, eu entendi que neste momento tão importante, tão crucial para o nosso país, para nossa gente e para o nosso Estado do Amazonas, não seria correto eu me retirar. Eu que tive uma experiência de 30 anos de atuação consecutiva e ininterrupta, no Parlamento, esse ano eu não podia ficar de fora, porque afinal de contas, eu não me recordo de viver um tempo assim tão difícil como o que nós estamos vivendo hoje”, pontuou Grazziotin.
Mulher na política – Vanessa, que também é uma das pioneiras na questão da abertura de espaço de poder as mulheres na política, destacou durante a entrevista que a “história” de dizer que a mulher não entra na política porque não gosta ou não quer, não procede. Ela disse que falta espaço mesmo nas legendas partidárias e o apoio a essas candidaturas femininas.
“Eu não aceito e nunca aceitei aquela desculpa de que mulher não faz política porque não quer ou porque não gosta. Isso não é verdade. A mulher não faz política porque ela não tem condições. Ela não tem espaço, por uma série de razões. Primeiro, pela característica machista da sociedade, que liga muito o homem ao poder e a mulher aos cuidados. Então a mulher desde criança é criada para cuidar da família, dos filhos e do marido, então elas já tem esse entrave na vida política dela. Segundo, porque nós somos sobrecarregadas, as mulheres, elas desempenham uma tripla jornada de trabalho, a mulher trabalha fora”, disse.
Campanha nas ruas – Recentemente, Vanessa e sua comitiva estavam fazendo uma movimentação sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM) no bairro Compensa, na zona Oeste de Manaus, quando ela e o grupo sofreram ataques verbais e físicos.
“Nem sempre foi assim e nem deve ser assim, não é?! Infelizmente eu repito, desde 2016, que a gente vem vivendo um momento muito difícil, onde a marca é a intolerância”, destacou a ex-senadora comentando que na ocasião, eles foram atacados com ovos e laranjas, e pedindo que a população dê um basta nestas ações que tentam tumultuar o processo político, destacando que no momento dos ataques, as pessoas estavam muito violentas e incomodando os trabalhadores.
Projetos – Como uma forma de trabalhar pela causa feminina e da importância da mulher na política, Vanessa Grazziotin falou que mesmo fora do Parlamento, no último dia 10 de maio ela teve uma proposta aprovada e que virou lei, para que seja ampliada e melhorada a assistência e a prevenção dos cânceres que mais afetam e matam mulheres no Brasil, como câncer de mama, de colo do útero e retal.
A pré-candidata à deputada federal pontuou que essas são umas das políticas públicas que também a motivam para continuar lutando por esta causa e participar novamente de um pleito eleitoral, agora em 2022.
ZFM – Sobre a Zona Franca de Manaus, a pré-candidata à Câmara dos Deputados, disse que é um modelo que precisa ser renovado e não substituído como vem se falando, desde a publicação do decreto que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Vanessa defende que a ZFM deve ser mantida e que novas fontes de economia para o Estado devem ser implementadas a curto, médio e longo prazo.
“A Zona Franca é um dos poucos modelos de incentivo fiscal no Brasil que deu certo, apesar desses ataques vindos do coração do Planalto, de uma ação do presidente da República, apesar disto a gente consegue manter a Zona Franca. Porque a Zona Franca não foi só um modelo que foi responsável por mais de 90% da nossa economia”, ressaltou Vanessa, afirmando que é necessário defendê-la agora e no futuro, garantindo a Zona Franca e diversificar outros setores, como o de beneficiamento de frutas, produção agrícola e com o beneficiamento do pescado.
Vanessa Grazziotin – A ex-senadora tem 30 anos de experiência parlamentar. Integra o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) há 42 anos. Ela já foi eleita três vezes vereadora de Manaus, três vezes deputada federal pelo Amazonas, e ao vencer as Eleições de 2010 para o cargo de senadora também pelo Estado, Vanessa se tornou a primeira senadora eleita pelo PCdoB desde a fundação do partido em 1922.
Assista a entrevista na íntegra:
—
Por Edilânea Souza
Fotos: Marcus Reis