Desde esta sexta-feira, 11/3, o Chile passou a ter o presidente mais jovem de sua história e um dos mandatários mais novos do mundo na atualidade. O líder estudantil Gabriel Boric, de 36 anos, que venceu as eleições presidenciais do país em dezembro, tomou posse da presidência chilena na manhã de ontem.
Boric recebeu a faixa presidencial do agora ex-presidente Sebastián Piñera. Em clima amigável, Piñera, conservador, entregou ao socialista Boric a estrela símbolo da transferência de poder no país.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, foi à cerimônia de posse representando o governo brasileiro. A ex-presidente Dilma Rousseff também participou do ato, que aconteceu no Congresso chileno, na cidade de Valparaíso, vizinha da capital Santiago.
Após a cerimônia, o novo presidente circulou por ruas da cidade em carro aberto. Depois, a pé, cumprimentou simpatizantes.
Boric assume o poder no Chile em um momento de ebulição social no país, ainda como efeito da série de protestos no fim de 2019. Na agenda dos primeiros meses do mandato estão reformas estruturais como a tributária e a da Previdência, a votação de medidas que reforçam o Estado de Bem-Estar Social e a coordenação do novo texto da Constituição, que substituirá a Carta atual, ainda da época da ditadura de Pinochet.
No entanto, apesar de Boric já se mostrar focado em pautas como saúde e educação, um dos maiores desafios do jovem líder será lidar com a atual crise da economia chilena, com inflação alta e esvaziamento de fundos governamentais. Outros dois gargalos que já estarão na mesa de Boric são a pressão migratória no norte do país, que divide chilenos, e o aumento do choque de indígenas mapuches com o governo por disputa de terras, que culminou com o envio de tropas militares às regiões de mais conflito.
Até agora, porém, um dos principais destaques do novo governo é seu viés feminista. Dos 24 ministros já anunciados por Boric, 14 são mulheres, que ocuparão pastas como a de Interior, a da Saúde, a da Justiça e a da Defesa, que será ocupado pela neta de Salvador Allende, Maya Fernanda Allende.
Por exigência do novo presidente, pela primeira vez uma mulher conduziu o carro aberto no qual Boric e sua namorada desfilaram após a posse.
Presidentes e monarcas de vários países foram ao Chile para acompanhar a posse de Boric, que substituirá o conservador Sebastián Piñera, que foi duramente criticado durante a série de protestos no país. No fim do ano passado, Piñera chegou a sofrer processo de impeachment por suspeita de corrupção, rejeitado depois pelo Senado chileno.
Dias depois, o Chile foi às urnas e elegeu Boric, que venceu o candidato da extrema direita José Antonio Kast com 55,9%.
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Da Redação com informações do G1
Foto: Divulgação