Áudios atribuídos ao deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), pré-candidato ao governo de São Paulo e conhecido pelo canal no YouTube ‘Mamãe Falei’, vazaram e circularam nas redes sociais na noite desta sexta-feira, 4/3, provocando críticas no partido ao qual é filiado e também no Movimento Brasil Livre (MBL), grupo do qual é um dos principais líderes.
Nos áudios, que foram inicialmente divulgados pelo site Metrópoles, é dito que as refugiadas ucranianas “são fáceis porque são pobres”. “É inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo, se você dá bom dia, elas iriam cuspir na tua cara”, teria dito o parlamentar.
Em 2018, Arthur do Val foi eleito deputado estadual pelo DEM. Em 2020, foi candidato a prefeito de São Paulo pelo partido Patriota. Integrante do MBL, o político se filiou ao Podemos em janeiro para ser pré-candidato ao governo de São Paulo.
Tanto o MBL quanto a assessoria de imprensa do deputado foram procurados para esclarecer os áudios atribuídos ao parlamentar, mas disseram que não conseguiram falar com do Val pelo fato de ele estar em um voo para o Brasil e que só irão se pronunciar após contatá-lo.
Deputado viajou para a Ucrânia – Arthur do Val foi para a Ucrânia no início da semana para, segundo ele, “ir, ‘in loco’, ver o que está acontecendo” durante a invasão do país pelas forças russas, lideradas pelo presidente Vladimir Putin.
O deputado foi acompanhado de Renan Santos, que é coordenador nacional do MBL.
Em outro trecho, o áudio trata das policiais que trabalham nas fronteiras da Ucrânia com outros países. “Mano, eu ‘tô’ mal. Eu passei agora… são quatro barreiras alfandegárias. São duas casinhas em cada país. Mano, eu juro para vocês. Eu contei: foram 12 policiais deusas. Deusas, mas deusas, assim, que você casa e, assim, você faz tudo o que ela quiser […]. Se ela cagasse, você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá”, acrescentou Arthur do Val.
“Acabei de cruzar a fronteira a pé aqui da Ucrânia com a Eslováquia. Maluco, eu juro… eu, nunca, na minha vida… ó, eu tenho 35 anos. Eu nunca na minha vida, nunca, vi nada parecido assim em termos de ‘mina’ bonita. Só deusa, assim, só deusa. É sem noção, é inacreditável. Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, a melhor, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui. Maluco, eu ‘tô’ mal, eu ‘tô’ triste, porque é inacreditável”, teria dito o deputado em outro áudio.
Presidente do Podemos e Moro criticam – A deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos, afirmou nesta sexta-feira, 4/3, que seu partido irá abrir um “procedimento disciplinar interno” para apurar as supostas falas sexistas atribuídas ao deputado estadual Arthur do Val, que é pré-candidato ao governo de São Paulo pela legenda.
Em nota divulgada à imprensa, a presidente do partido disse que considera as falas como “gravíssimas e inaceitáveis”. “Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra”, frisou Abreu.
“O Podemos repudia com veemência as declarações e, com base nelas, instaura de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos. Até este momento o partido não havia conseguido contato com o deputado, que estava em voo”, acrescentou o texto divulgado pela deputada.
Pré-candidato ao Planalto pelo Podemos, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) criticou a suposta fala proferida pelo deputado estadual.
“Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. As declarações são incompatíveis com qualquer homem público”, ressaltou o ex-juiz.
“Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos – tanto no campo público quanto na vida privada. Portanto, jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime”, concluiu Moro.
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Da Redação com informações da CNN Brasil
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
