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sexta-feira, novembro 22, 2024

Autorizações do governo para exploração de garimpo na Amazônia será decidido por Nunes Marques

Os processos chegaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro, após o Gabinete, de Segurança Institucional (GSI) liberar sete projetos de pesquisa de ouro em uma região amazônica quase intocada

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O ministro Kassio Nunes Marques é relator de três ações que questionam, no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizações concedidas pelo governo Jair Bolsonaro para o garimpo na Amazônia. As concessões, dadas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) são questionadas no tribunal por tratarem de áreas vizinhas ou até no interior de terras indígenas e unidades de conservação ambiental.

Os processos chegaram ao STF em dezembro, após o jornal Folha de S.Paulo revelar que o GSI liberou sete projetos de pesquisa de ouro em uma região amazônica quase intocada. No final do ano passado, o general Augusto Heleno, chefe da pasta, cancelou as sete autorizações citadas pelo jornal. As ações no Supremo, porém, citam outras 11 concessões que também teriam sido irregulares e continuam valendo.

Das ações que correm na Corte, duas foram movidas por partidos (Rede e PV) e outra pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO) e o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO).
As decisões questionadas pelas legendas atingem especialmente partes do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), fronteira com a Colômbia, na região chamada de “cabeça de cachorro”.

A região tem seis terras indígenas estabelecidas, que juntas abrigam mais de 30 mil pessoas. Apenas a maior delas, a terra indígena Alto Rio Negro, é moradia de 23 povos indígenas, dos quais três são isolados.

Heleno deu as autorizações na condição de secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, um órgão que aconselha o presidente da República em assuntos de soberania nacional e defesa. O ministro é responsável por liberar, ou não, projetos de mineração na faixa de fronteira, que tem 150 km de largura.

Após virem a público as primeiras notícias sobre as autorizações concedidas pelo GSI, Heleno defendeu suas decisões por meio do Twitter. O ministro, um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou na publicação que o governo continuará “a mapear nossas riquezas pelo bem do Brasil e do nosso povo.

Após a medida, Heleno foi criticado por políticos da oposição, como o presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE), que o chamou de “Napoleão de hospício,” e o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que fez uma representação ao MPF (Ministério Público Federal).

Menos de três semanas depois, Heleno anulou as sete autorizações citadas pela Folha. O recuo ocorreu após a abertura de uma apuração preliminar, pelo MPF, e por ofícios enviados ao GSI pela ANM (Agência Nacional de Mineração), pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade).

As ameaças – A ação movida pela Rede, primeira a chegar ao STF, trata apenas das sete autorizações que foram, posteriormente, revogadas pelo GSI. O partido também pede, contudo, a derrubada de uma resolução da ANM que facilita novos pedidos de extração mineral. A decisão sobre essa norma caberá a Nunes Marques.

Já os outros dois processos, de autoria do PV e de parlamentares, questionam outras autorizações, além das que já foram canceladas. A legenda trata de 8 avais à mineração na região da Cabeça do Cachorro, das quais 4 continuam em vigor.
Já o pedido de Vaz e Kajuru citam 16 concessões que, segundo eles, estão dentro de terras indígenas na região, às margens do rio Negro. Nove destes pedidos continuam vigente.
No caso de terras indígenas, o governo não tem autonomia para liberar pesquisas de ouro ou outros minérios. Conforme determina a Constituição, é de competência exclusiva do Congresso autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais.

No momento, Nunes Marques atuou em poucos casos no STF envolvendo garimpo e mineração. Em dois deles, alinhou-se aos colegas de plenário em decisões unânimes, que tomaram medidas protetivas para o meio ambiente.

O primeiro destes processos foi julgado em abril do ano passado, quando a Corte anulou regras que afrouxavam o licenciamento ambiental para a mineração em Santa Catarina. No segundo caso, em setembro, o plenário derrubou uma lei de Roraima que liberava o uso de mercúrio no garimpo.

Nunes Marques foi o primeiro ministro a ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo, e assumiu a vaga na Corte em novembro de 2020. Depois dele, o presidente indicou André Mendonça, que foi empossado em dezembro passado.

A tendência é que Nunes Marques só tome uma decisão sobre os processos a partir de 31 de janeiro, com a volta do recesso no tribunal. Em dezembro, o ministro foi um dos que informaram ao presidente da Corte, Luiz Fux, que não pretendiam trabalhar durante as férias.

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Por Redação com informações do UOL
Foto: Divulgação

 

 

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