Um projeto inovador e arrojado. Não apenas um simples anexo para a Câmara Municipal de Manaus (CMM). Foi isso que ficou evidenciado na construção da maquete referente à construção do Anexo ll da CMM, encomendada pelo presidente da Câmara, vereador David Reis (Avante) a um arquiteto local. O pedido corrobora o desejo de David Reis em dar continuidade à construção do polêmico “puxadinho milionário da CMM”, no valor estimado de R$ 32 milhões, que foi barrado pela justiça em setembro deste ano.
Pela maquete, feita com base no projeto desenvolvido pelo departamento de engenharia da Câmara, a CMM seria completamente reformada. Pelo menos é o que fica claro na publicação do arquiteto Carlos Melo, que postou detalhes de sua obra nas redes sociais.
“Nesse final de semana fiz a entrega dessa maquete ao Presidente da Câmara Municipal de Manaus o Vereador David Reis, que me incumbiu da responsabilidade de materializar esse lindo projeto desenvolvido pelo departamento de Engenharia da própria Câmara. Até então eu também achava se tratar de um ‘puxadinho’, mas para minha surpresa, é um prédio com dois níveis de estacionamento e mais 4 pavimentos. Incluindo: recepção, gabinetes, elevador e escada panorâmicos de frente para o Rio Negro e um restaurante no último pavimento”, descreveu ele ao agradecer o vereador David Reis pela oportunidade.
Confira:
Críticas – A insistência na obra foi, mais uma vez, criticada pelo vereador Amon Mandel (sem partido). Pelas redes sociais, o parlamenta relembrou que a construção do puxadinho foi barrada na Justiça e sugeriu que o aumento no número de servidores por gabinete pode ser usado como argumento para justificar a retomada da licitação para construção do projeto.
“Primeiro aumentam a quantidade de assessores permitida por Lei, depois voltam a dizer que os gabinetes são pequenos e tem que construir o famoso ‘puxadinho’. Vai vendo”, disse o vereador que juntamente com o vereador Rodrigo Guedes (PSC) levaram o caso à Justiça e entraram com uma ação no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) para barrar o processo de licitação que previa a construção do 2º prédio anexo da CMM. A suspensão da licitação ocorreu em meados de setembro deste ano.
População – A publicação do vereador teve uma enxurrada de comentários críticos dos internautas. “Enquanto a população não se unir e mostrar sua força, eles vão continuar fazendo o que querem. E vivendo do bom e do melhor as nossas custas e esfregando essas mordomias na cara de todos”, desabafou um deles.
Outro destacou a dificuldade de sobreviver com o salário-mínimo e criticou os parlamentares. “Difícil mesmo é sobreviver com o salário de 1.200 pagando água, luz e aluguel. Quem trabalha no distrito e recebe em média isso e tem família pra sustentar, sabe o que é levar a vida com tão pouco. Os vereadores em Manaus recebem 15 mil de salário para “trabalharem” 3 dias na semana, já que 2 só usam pra homenagem. (…) Acorda galera, esse dinheiro é nosso, essas leis são construídas para quem se beneficia dela e não para quem a financia”, criticou o internauta.
Em outro comentário a moradora de Manaus disse que “isso é brincar com o dinheiro do povo, é sambar na cara da sociedade que nada pode fazer”, reclamou. “Eles ainda não desistiram dessa ideia, vão dar um jeito de voltar com isso, é só esperar”, especulou outro internauta.
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis