Durante três dias, pesquisadores, especialistas, representantes públicos e acadêmicos da área de saúde puderam acompanhar teorias, reflexões e debates sobre estratégias voltadas para a prevenção, o diagnóstico e o atendimento de pessoas acometidas por leptospirose no I Congresso Nacional de Leptospirose na Amazônia – One Health. O evento teve início no dia 14/12 e seguiu até essa quinta-feira, 16, com encerramento de apresentações de trabalhos científicos.
De acordo com a coordenadora e pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), a bióloga Salete Almeida, no congresso foi deliberada a necessidade de criação de um núcleo de pesquisadores com métodos avançado de diagnóstico de interesse para a saúde pública na região. Segundo ela, a implantação desse núcleo possibilitará a compilação de dados que poderão subsidiar desenhos estratégicos e medidas de controle para a doença.
“Encerramos hoje um evento de três dias que foram de grande importância para a saúde. Encerramos esse congresso com o saldo positivo, com mais de 500 inscritos. Tivemos a apresentação de pesquisadores, palestrantes renomados nacional e internacionalmente que abordaram temas importantes como o aspecto epidemiológico, o diagnóstico molecular, tradicional em humanos, animais e ambientais e outors”, disse Salete Almeida.
Confira o vídeo:
Os números divulgados no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde (MS) de 2021, nortearam os palestrantes do congresso. A doença causada pela bactéria lectospira tem cerca de 4 mil casos confirmados, por ano, com reincidência maior nos períodos chuvosos. Desses casos, em 9% dos afetados a doença se apresenta de forma letal.
A pesquisadora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Dra. Omerzinda Celeste salientou sobre a importância da discussão do tema na região. De acordo com ela, Manaus apresenta uma estrutura ecológica e sanitária favorável à ocorrência da leptospirose. Possui clima tropical úmido, com temperaturas médias elevadas, sempre acima de 22° C e chuvas abundantes o ano todo, sendo mais frequentes no inverno regional que compreende o período de dezembro a abril.
“Embora haja uma vasta literatura sobre leptospirose humana no Brasil, existe uma escassez de estudos sobre a doença em Manaus, apontando para a necessidade de apoio e incentivo a realização de estudos sobre o tema. Então esse momento de troca de conhecimento com pesquisadores de outras cidades, que tem um suporte maior, é muito importante para o nosso Estado”, salientou a pesquisadora.
Na programação do último dia, as palestras tiveram como temas: “Caracterização de proteases secretadas por leptospiras-possíveis fatores de virulência”; “Laboratório de referência nacional no contexto do diagnóstico de leptospirose”; “Leptospirose uma retrospectiva de 10 anos”; “Atualizações sobre leptospirose em pequenos ruminantes e suínos em condições semiárida”; “A importância do sequenciamento de genoma para a epidemiologia da leptospirose no contexto de saúde única”; “Perfil epidemiológico e o impacto do gradiente social da infecção por leptospira em humanos no município de Manaus, Amazonas”.
Organização – O evento foi coordenado pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e realizado pelo Instituto de Consultoria em Ensino e Pesquisa do Amazonas (ICEPAM).
De acordo com a diretora do ICEPAM, a pesquisadora Erica Lima, o evento proporcionou uma troca intelectual entre os principais pesquisadores do assunto. “O Instituto de Consultoria preza por oferecer serviços de qualidade com pressupostos éticos, valorizando a ciência e a implementação de políticas públicas na área da saúde. Este congresso foi a junção de todos esses valores que são tão caros para nós e importantes para o fomento da pesquisa e da ciência em nossa região”, finalizou.
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Ilustração: Marcus Reis
