Mais de 500 pessoas da área da saúde, entre acadêmicos, pesquisadores e representantes públicos, a nível nacional e internacional se reuniram na manhã desta terça-feira, 14/12, para a abertura do I Congresso Nacional de Leptospirose na Amazônia – One Health. Transmitido virtualmente pela plataforma Zoom, a mesa de abertura contou com a presença de órgãos públicos essenciais para o debate de estratégias voltadas para a prevenção, o diagnóstico e o atendimento de pessoas acometidas por leptospirose. O evento segue até o dia 16 de dezembro.
Representando a titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Shádia Fraxe, a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (DEVAE), Marinélia Ferreira disse que o I Congresso, coordenado pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), tem a responsabilidade de fornecer informações sobre o tema que ainda tem sido negligenciado na região amazônica.
“Este Congresso traz à tona uma das doenças negligenciadas em nossa região. No momento epidemiológico de pandemia temos que reinventar novas formas de fortalecer a identificação precoce com a notificação oportuna e de manejo adequado dos casos, objetivando a sensibilização da rede de atenção e das medidas de promoção à saúde e controle do agravo”, disse a diretora do DEVAE, Marinélia Ferreira.
O Laboratório de Referência Estadual (Lacen) foi representado pela gerente de Virologia e Bacteriologia, Maria Auxiliadora Novais, que destacou o compromisso do órgão com a discussão sobre a temática.
“Nossa função é aprimorar o sistema de vigilância laboratorial na detecção precoce da circulação da leptospirose, garantindo um monitoramento mais efetivo, auxiliando nas tomadas de decisões epidemiológicas e gerenciais do Lacen, FVS, Municípios e Estado”, afirmou Maria Auxiliadora Novais.
A primeira palestra do dia foi feita pela pesquisadora do laboratório de referência de leptospirose do Departamento de Serviço de Inspeção Sanitária Animal (APHIS), do Ministério da Agricultura dos EUA (USDA), Dra. Camila Hamond Regua Motta Reis. Ela palestrou sobre o “Diagnóstico da leptospirose animal”.
O primeiro dia do I Congresso Nacional de Leptospirose na Amazônia também conta com as palestras sobre “Prevalência de Leptospirose no Amazonas”; “Pesquisa de reservatórios de Leptospira na fauna silvestre” e “Diagnóstico da Leptospirose: o desafio permanece”.
Coordenado pela doutora em Medicina Tropical, Luciete Silva, da Fiocruz, a bióloga disse que o evento científico contribui para debates envolvendo as principais questões e particularidades da doença leptospirose na área da região amazônica. Desta forma, a ação busca a integração máxima de informações e dados científicos produzidos por diferentes pesquisadores, interligando assim a troca de experiências entre as diversas entidades e instituições de pesquisa espalhadas por todo o país.
“O evento permitirá a formação de um núcleo de pesquisa de epidemiologia molecular em leptospirose, com métodos avançados de diagnóstico, de interesse para a saúde pública na região”, destacou a coordenadora.
Na quarta-feira, 15, os debates seguem com as palestras sobre “Epidemiologia da leptospirose urbana”; “Interação patógeno-hospedeiro e candidatos vacinais”; “Desafio da leptospirose no contexto da saúde única”; “Diagnóstico da leptospirose animal”; “Legislações do saneamento e áreas vulneráveis à leptospirose”; “Leptospirose em animais silvestres”; “Parasitose intestinal em escolares de área urbana e rural do Amazonas”.
No último dia do evento, dia 16/12, as palestras seguem com os temas: “Caracterização de proteases secretadas por leptospiras-possíveis fatores de virulência”; “Laboratório de referência nacional no contexto do diagnóstico de leptospirose”; “Leptospirose uma retrospectiva de 10 anos”; “Atualizações sobre leptospirose em pequenos ruminantes e suínos em condições semiárida”; “A importância do sequenciamento de genoma para a epidemiologia da leptospirose no contexto de saúde única”; “Perfil epidemiológico e o impacto do gradiente social da infecção por leptospira em humanos no município de Manaus, Amazonas”.
Importância – A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira. Um dos principais meios para a propagação da doença são as enchentes, poças, solos úmidos e as más condições de higiene.
Números – De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no período de 2010 a 2020, no Brasil foram confirmados 39.270 casos de leptospirose (média anual de 3.734 casos), variando entre 1.276 (2.020) a 4.390 casos (2011). Nesse mesmo período, foram registrados 3.419 óbitos, com média de 321 óbitos/ano. A letalidade média no período foi de 8,7% e o coeficiente médio de incidência de 2,1/100.000 habitantes. Em 2019, O Amazonas registrou 162 casos suspeitos da doença, 52 confirmados e sete óbitos.
Acesso – Para acompanhar a programação do I Congresso Nacional de Leptospirose na Amazônia, o participante deve acessar os links disponibilizados no site clamazonia.com.br.
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Da Redação com informações Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Amazonas (Fapeam)
Foto: Ilustração Marcus Reis