A prática de garimpo na região amazônica, especialmente nas áreas da floresta, nos leitos dos rios e nas terras indígenas, voltou a ser criticada pelo ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB). Esta semana, após a caravana de balsas mineradoras nos rios Solimões e Madeira, o Governo Federal concedeu sete autorizações de projetos de exploração de ouro na área conhecida como Cabeça do Cachorro, no município de São Gabriel da Cachoeira, considerado santuário ecológico do Amazonas e a cidade mais indígena do Brasil, com mais de 20 etnias do Rio Negro.
“Não entendo esse interesse do governo federal no garimpo, uma vez que a atividade é reconhecidamente sonegadora de impostos, sem contar que grande parte é financiada pelo crime organizado como forma de capitalização. Na Amazônia, já são 81 autorizações de garimpo desde 2019. Inacreditável e inaceitável, chega a ser burrice mesmo, porque a floresta é fonte de vida e riqueza de todos os brasileiros”, afirmou Arthur.
Ainda segundo Virgílio, os sistemas econômicos brasileiros estão se esgotando e a última fronteira de desenvolvimento do país e com perspectiva trilionária é a biodiversidade da Amazônia. “Isso significa, em primeiro lugar, respeito à integridade da floresta, dos rios e à sabedoria dos povos indígenas, que podem ajudar a desvendar os segredos da floresta”, defendeu.
“Falam em garimpo legal e ilegal, até existe a licença para explorar o ouro, mas considero uma legalidade ilegítima, porque mata floresta, poliu rios e adoece pessoas. Autorizado ou proibido, o garimpo é desgraça ao meio ambiente”, reforçou Arthur Neto.
Ele citou, ainda, a denúncia de ameaça feita por garimpeiros a mulheres pesquisadoras que identificaram contaminação de mercúrio na Amazônia, divulgada nesta terça-feira (7.12), pela Folha de São Paulo. “Tenho dito, repetido incansavelmente, que nada de bom pode se esperar do garimpo, que espalha morte por onde passa. Ameaças, violência, crimes… esse é o terrível legado deixado por garimpeiros. Já não bastasse os sucessivos recordes de queimada, agora, querem fazer da Amazônia uma Serra Pelada”, disparou Arthur.
A ameaça do garimpo ilegal não é nenhuma novidade no cenário brasileiro e muito menos no cenário amazônico. De acordo com Arthur Virgílio, o aumento do preço do ouro no mercado internacional; a desarticulação das agências de controle, fiscalização e repressão; uma legislação frágil e facilitadora para tornar legal o ouro produzido de forma ilegal e criminosa; e o investimento maciço das principais organizações criminosas do país no garimpo ilegal são fatores que justificam o aumento na procura pela exploração do outro.
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Da Redação com informações da assessoria de imprensa
Foto: Karla Vieira