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sexta-feira, outubro 18, 2024

Colin Powell, primeiro negro secretário de Estado americano, morre de covid-19

Filho de imigrantes jamaicanos, Powell foi uma das figuras negras mais importantes nos Estados Unidos por décadas, sendo nomeado para cargos importantes por três presidentes republicanos entre o final do século 20 e começo do século 21, ajudando a moldar a política americana, especialmente de segurança e defesa, no período.

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Ex-secretário de Estado americano e primeiro negro a ocupar o cargo, o general aposentado Colin Powell morreu na manhã desta segunda-feira, 18/10, vítima de complicações da covid-19. De acordo com um comunicado divulgado pela família através das redes sociais do general, Powell, de 84 anos, havia sido totalmente imunizado contra a covid-19.

“O general Colin L. Powell, ex-secretário de Estado dos EUA e presidente do Estado-Maior Conjunto, faleceu nesta manhã devido a complicações da covid-19. Ele foi totalmente vacinado. Queremos agradecer à equipe médica do Walter Reed National Medical Center por seu tratamento cuidadoso. Perdemos um marido, pai, avô notável e amoroso e um grande americano”, diz o comunicado.

Filho de imigrantes jamaicanos, Powell foi uma das figuras negras mais importantes nos Estados Unidos por décadas, sendo nomeado para cargos importantes por três presidentes republicanos entre o final do século 20 e começo do século 21, ajudando a moldar a política americana, especialmente de segurança e defesa, no período.

O ex-general alcançou o topo do Exército em um período em que os militares americanos ainda se recuperavam do trauma da Guerra do Vietnã. Ferido durante o conflito, Powell foi nomeado conselheiro de segurança nacional dos EUA pelo presidente Ronald Reagan, de 1987 a 1989. Como general de quatro estrelas do Exército, foi presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas na gestão de George Bush durante a Guerra do Golfo de 1991, na qual as forças lideradas pelos EUA expulsaram as tropas iraquianas do Kuwait.

Entre 2001 e 2005, Powell esteve à frente da política externa americana no governo de George W. Bush, em uma das épocas mais conturbadas da história recente do país, incluindo o 11 de setembro e suas repercussões. Ele foi o primeiro oficial americano aculpar publicamente a Al-Qaeda de Osama bin Laden pelos atentados e fez uma viagem relâmpago ao Paquistão, em outubro de 2001, para exigir que o então presidente Pervez Musharraf cooperasse com os EUA.

Além dos conflitos com adversários externos, no Afeganistão e no Iraque, o governo Bush também foi marcado por disputas internas, opondo Powell e, principalmente, o grupo próximo ao vice-presidente Dick Cheney e ao secretário de Defesa Donald Rumsfeld. Enquanto figuras proeminentes começaram a defender a guerra contra o Iraque,quando as tropas americanas já travavam uma guerra no Afeganistão, Powell tentou argumentar internamente que a diplomacia liderasse a questão no Iraque.

Apesar da divergência interna, Powell concordou em defender o caso do governo Bush sobre o armazenamento de armas de destruição em massa pelo governo iraquiano no Conselho de Segurança da ONU, naquela que foi a maior controvérsia de sua carreira.

Em 5 de fevereiro de 2003, Powell afirmou aos seus pares na ONU que o presidente iraquiano Saddam Hussein constituía um perigo iminente para o mundo por armazenar armas químicas e biológicas. Anos depois, o general afirmou a uma escritora que passou cinco dias antes da apresentação “cortando o lixo” que a equipe de Cheney havia fornecido como evidência dos programas de armas de Saddam e supostas ligações com a Al-Qaeda.

“Havia algumas pessoas na comunidade de inteligência que sabiam naquela época que algumas dessas fontes não eram boas, que não deveriam ser levadas em conta, e não se manifestaram. Aquilo me devastou”, disse Powell à entrevistadora Barbara Walters em 2005.

A invasão do Iraque ocorreu seis semanas depois da apresentação de Powell na ONU, mas nenhuma das supostas armas de destruição em massa foi encontrada, minando a credibilidade americana por anos. As forças dos EUA lutaram no Iraque de 2003 a 2011, com quase 4.500 soldados americanos mortos e 32.000 feridos.

Na época, Powell continuou sendo um soldado leal, um guerreiro relutante que não ameaçou desistir em protesto ou expressar suas preocupações ao mundo. “A lealdade é um traço que valorizo ​​e, sim, sou leal”, disse Powell na entrevista de 2005. E completou: “E há quem diga: ‘Bem, você não deveria ter apoiado, deveria ter renunciado.’ Mas estou feliz que Saddam Hussein se foi.”

Powell anunciou sua renúncia em “acordo mútuo” com Bush após a reeleição do presidente em novembro de 2004. Bush chamou Powell de “um dos grandes servidores públicos de nossos tempos”. Ele foi substituído por Condoleezza Rice no segundo mandato do presidente republicano.

Republicano considerado moderado e pragmático, o general chegou a cogitar uma oferta para se candidatar a presidente em 1996, o que o tornaria o primeiro presidente negro da história dos EUA , mas teria recusado o convite em razão de preocupações de sua esposa, Alma, a respeito de sua segurança. Em 2008, contudo, Powell rompeu com seu partido para apoiar o democrata Barack Obama, que se tornou, de fato, o primeiro negro eleito para a Casa Branca.

Veja fotos de alguns momentos de Powell:

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Da Redação com informações do Estadão

Fotos: Divulgação

 

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