Desde o início da manhã desta terça-feira, 28/9, integrantes da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) começaram a cumprir uma agenda de atividades em Manaus. Entre as ações voltadas à Saúde Pública do país, em função da crise sanitária ocasionada pela pandemia de Covid-19, estão encontros com representantes de saúde do Amazonas e um encontro virtual com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Portal O Convergente conversou sobre as ações com o presidente do CNS, Fernando Pigatto e com a representante da União Brasileira de Mulheres no conselho e integrante da mesa diretora do CNS, Vanja Santos. Na entrevista, além das ações e do porquê de elas serem realizadas no Amazonas, os especialistas falaram sobre a situação atual da pandemia no país, no Estado e os impactos ocasionados pelo negacionismo à existência da doença e da vacinação.
Sobre a presença da comitiva em Manaus, Pigatto explicou que era um desejo desde o início do ano, quando o Amazonas vivenciou a crise de oxigênio em função da alta demanda de casos de Covid no Estado. Porém, só agora membros do conselho tiveram a oportunidade de comparecer a capital.
“Nós, desde aquela época, já tínhamos o nosso horizonte, de que era necessário virmos a Manaus para fazermos algumas agendas aqui. Aí recebemos o convite para participar da comemoração dos 30 anos do Conselho Municipal de Saúde em Manaus e aproveitamos para fazer toda uma agenda de ações”, afirmou.
A visita, para Vaja Santos, que é representante do Amazonas na mesa diretora do conselho, é fundamental para o papel do controle social feito pelo CNS.
“O Amazonas sofreu muito. A gente vem aqui lançando esse olhar cuidadoso. Esse olhar de quem quer entender o que aconteceu e ver como o Amazonas se comportou em relação a isso. Quais as medidas utilizadas e se estão dando certo. Essa é a nossa preocupação e é por isso que estamos aqui”, disse ela ao falar sobre uma série de visitas a órgãos de saúde, como maternidades, para ver como estão as ações de enfrentamento à pandemia atualmente.
Avaliação – A intenção do grupo é avaliar, pontuar e aconselhar melhorias onde for necessário, para que caso venha ocorrer um agravamento da pandemia no Estado, como no início de 2021, ninguém seja novamente pego de surpresa. “É importante a gente fazer essa avaliação. Verificar in loco o que foi feito tanto pelo governo estadual quanto municipal”, ressaltou Fernando Pigatto.
Sobre a agenda em Manaus, Pigatto falou sobre a importância dos conselhos nas ações e falou que a participação dos representantes é primordial nessa avaliação, principalmente, em função do que ocorreu no Amazonas. Ele pontuou ainda que o negacionismo, de alguns governantes, impactou no enfrentamento da doença.
“Ainda existem autoridades que negam a ciência. Que negam a vacina. Que estimulam a utilização de medicamentos sem comprovação cientifica para a Covid-19. Que desestimulam as pessoas a não usarem máscara, por exemplo. Existem pessoas que não sei se querem ver um milhão de vidas perdidas ou mais. Não sei qual a meta de quem insiste e pensa dessa forma. A gente precisa pôr um fim nessa situação, de ainda termos no país gestores públicos incentivando a morte, a dor, o sofrimento, a tristeza”, criticou ele ao falar que o aconteceu no Amazonas não pode se repetir e nem ser esquecido.
Esse será um dos principais temas abordados, segundo ele, em um encontro com representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que faz parte da agenda da mesa diretora do conselho. Durante o encontro, os membros do CNS também irão debater sobre as doenças que se agravaram em função da pandemia.
“Uma das questões que o Conselho Nacional de Saúde tem se preocupado muito é em relação as outras doenças. Existe todo um cuidado com o que resultou a muitas pessoas em decorrência da pandemia, mas precisamos lembrar que muitas outras doenças ficaram negligenciadas por conta disso. Algo que é preocupante em função do orçamento para a saúde no próximo ano, já que não sabemos o que vai acontecer. E a pandemia ainda não acabou”, ressaltou Vanja Santos ao citar a redução de R$ 25 bilhões na verba da saúde previstas para 2022.
Debate e campanha – Uma dessas doenças negligenciadas, segundo Pegoratto, é a hanseníase. Esse também será o foco dos trabalhos dos representantes da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em Manaus.
O grupo, juntamente com representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), assinaram na manhã desta terça-feira, 28/9, um termo de cooperação para atuarem em parceria na campanha global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação da hanseníase.
O grupo também participará da 48º Sessão ordinária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que terá como tema “Direitos Humanos à Saúde e à Vida na Covid-19 no Brasil”. O objetivo é debater, compartilhar e denunciar a situação brasileira para os representantes da Sessão Ordinária de diferentes partes do mundo que participarão do encontro da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Faremos a participação, a partir de Manaus, junto com o Conselho Nacional dos Direitos Humanos e apresentaremos um documento denúncia para a esfera internacional para que tudo que aconteceu no Brasil não fique impune”, afirmou Pigatto ao citar o apoio do Conselho nas ações da CPI da Covid, no Senado, que entregou uma série de documentos e denúncias quanto as ações do governo na pandemia.
A atividade na ONU ocorrerá dia 30 de setembro, às 10h (horário de Brasília) e será transmitida via Youtube do CNS.
Confira a íntegra da entrevista:
Confira as imagens:
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Por Izabel Guedes
Fotos e vídeo : Marcus Reis
Fotos: Rodrigo Santos /SES