Sem a presença de grandes nomes da política e com discursos enaltecendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ato promovido pela Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (OMEAM), com o apoio do deputado federal, Silas Câmara (Republicanos), no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, a Bola da Suframa, zona Sul, reuniu centenas de pessoas e se transformou em um grande culto em clamor pelo país.
O evento, mesmo tendo sido convocado em apoio ao presidente, não evidenciou diretamente este fato. Pelo menos não nos discursos dados pelos líderes evangélicos que se revezaram no alto do trio elétrico. As poucas falas políticas no evento foram voltadas ao Supremo Tribunal Federa (STF). Os demais momentos foram dedicados a louvores e orações.
Com público vindo de vários bairros da cidade e de congregações evangélicas diversas, as arquibancadas do Centro Cultural dos Povos da Amazônia ficaram tomadas de pessoas vestidas de verde e amarelo. Apesar do forte calor, muitas famílias e grupos uniformizados aproveitaram para fazer fotos e registrar o momento.
Democracia e orações – O direito à democracia se misturou aos pedidos de proteção e clamor pelo Brasil. Nem mesmo o calor de quase 40 graus afastou os apoiadores ao governo Bolsonaro.
A aposentada, Ruth Helena, 60, disse que sua motivação para sair de casa e ir participar do ato foi o amor por Deus e pelo Brasil. “Estamos sofrendo, estamos clamando pelo nosso país, pelo Amazonas. Eu vim aqui hoje não por política e sim pelo clamor a Deus”, garantiu ela que esteve no local com um grupo de amigos.
Já a técnica de enfermagem Elane Frota, 56, decidiu fazer parte do ato para protestar contra as irregularidades que o Brasil vem enfrentando atualmente. “A gente protesta contra os preços abusivos e para dizer que não aguentamos mais a corrupção”, disse ela ao afirmar esperar que os atos ocorridos em todos o Brasil e em Manaus despertem os jovens e a população em geral para tudo que vem acontecendo.
Em nenhum dos discursos ou entre os entrevistados, porém se ouviu falar exatamente quais seriam os problemas do país e quem, de fato, seriam os responsáveis pelos atos de corrupção.
O clamor em favor da família brasileira deu o tom em alguns casos. Como no do autônomo Jackson Raimundo, 43. “Estou aqui em nome da família brasileira. Sou a favor da família, da pátria, da justiça. Os atos são pelo bem maior, para que o país caminhe em um caminho melhor”, afirmou ele.
Manifestantes oram:
Patriotismo e opinião – No local do evento, iniciado às 15h, a maioria dos presentes não se preocupou em manter o distanciamento social e boa parte do público estava sem máscara. O foco principal, para muitos, eram as orações.
A merendeira Valdirene da Silva, 46, disse que o patriotismo a levou ao local, assim como seu amor pelo seu país. “Resolvi participar pelo patriotismo. Vim em favor do Brasil. A gente precisa vir para a rua pedir melhorias. O momento é importante porque quem não veio vai ver o que o povo pede. E o clamor por melhorias”, opinou ela, ao citar os reflexos que os atos vão ter na população de um modo geral.
Reflexos esses, que na opinião da dona de casa Vanessa Brito, 30, demonstram a força de vontade do povo. “Eu vim impor minha opinião. Querem que a gente aceite a opinião dos políticos no geral. Aqui estamos buscando o direito de ter voz e tomar decisões sem obrigação. Eu acho que isso vai refletir mostrando que a gente tem opinião própria. Que não somos marionetes”, afirmou.
Um dos organizadores do ato na Bola da Suframa, o pastor Valdiberto Ribeiro disse que o evento supriu as expectativas da organização. “A Omeam se propôs a sair das quatro paredes para orar e pedir a benção de Deus sobre a nossa cidade, o nosso estado do Amazonas e o nosso país. Nós viemos para cá proclamar que Deus está acima de todas as coisas e orar pela família e pessoas que precisam. O objetivo nosso era esse e foi alcançado. Estamos felizes”, disse ele ao garantir que a organização seguiu os protocolos exigidos.
Sobre a presença do deputado Silas Câmara, um dos organizadores do ato, o pastor disse não tê-lo visto talvez “devido ao grande número de pessoas no local”. “Se ele veio, veio aqui como cristão. Como todos os outros. Graças a Deus viemos para celebrar o Senhor”, falou.
Confira a íntegra da fala:
A ida do deputado foi citada por outras pessoas que passaram pelo trio elétrico em agradecimento pelo apoio e pela presença de familiares do parlamentar. Silas Câmara, porém, não discursou e não foi visto durante o tempo que a equipe do O Convergente esteve no local.
Confira algumas imagens:
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Por Izabel Guedes
Fotos: Marcus Reis e Izabel Guedes
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