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quinta-feira, novembro 21, 2024

Movimentos pró e contra Bolsonaro se organizam para tomar as ruas no 7 de Setembro

A data que lembra a Independência do Brasil foi tomada pelos movimentos para chamar atenção para suas reivindicações. Os atos, que devem ocorrer em todo o país, dividem opiniões entre os que os veem como legítimos e os que veem como distrações aos reais problemas do Brasil neste momento

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O 7 de Setembro por muitos anos foi uma data marcada por desfiles militares e comemoração pela Independência do Brasil. Em 2021, porém a polarização política, a situação econômica do País e as divergências ideológicas de movimentos partidários de esquerda e de direita podem transformar a data, até então pacífica, em uma verdadeira guerra nas ruas. Pelo menos, no que depender dos movimentos que se organizam para realizar atos pelo País no próximo feriado nacional. A tensão, segundo especialistas, pode ser medida pelas postagens feitas nas redes sociais.

O movimento em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem como objetivo apoiar algumas propostas levantadas por ele, como a reedição do voto impresso auditável (medida já descartada pelo Congresso) e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Já os movimentos contrários ao Governo de Bolsonaro organizam protestos para chamar a atenção da sociedade quanto a problemas como inflação, alta de preços de alimentos, gás, gasolina, desemprego e fome a um grande número de brasileiros. Eles também irão pedir o impeachment do presidente Bolsonaro.

A data escolhida para os protestos, que já ocorreram em outros momentos, pode ser uma tendência usada em outros feriados nacionais, conforme explica o analista político, Helso do Carmo. Principalmente em um ano que antecede as eleições, onde o foco principal é atingir o eleitor.

“O que que ocorre é que por conta do arrefecimento político, do momento político, grupos têm utilizado essas datas para fazer reivindicações, que eu diria, mais de cunho eleitoreiro. Talvez vendo que estão perdendo espaço ou tentando aumentar o espaço conquistado, aí vai depender da visão de cada um. Acredito que vamos ver isso no dia da Padroeira e no dia da Proclamação da República. Até o ano que vem acredito que veremos essas manifestações eleitoreiras visando, de fato, a ocupação, a conquista do poder ano que vem”, opinou ao relembrar que as eleições ocorrem em outubro de 2022.

Convencimento – Os movimentos, cada conforme seu ponto de vista e bandeira política, tentam convencer o eleitorado que possuem as melhores soluções para resolver os problemas do Brasil.

O que para o sociólogo e cientista político, Calos Santiago, não deveria ser o foco nesse momento e nem ser utilizado para outros fins, especialmente em uma data tão expressiva para o país. “É momento de reforçar o patriotismo, de independência e de pensar num Brasil moderno e justo. Mas para isso, é preciso unidade, respeito aos poderes e busca de diálogos para resolver os grandes problemas nacionais”, afirmou.

Para o especialista, a liberdade de expressão deve ser consagrada e incentivada dentro do Estado Democrático de Direito, no entanto, ele critica a intenção dos atos. “Quem usa o 7 de Setembro para promover ideias autoritárias, fragilizar os poderes da República e atacar a democracia não representa a ideia de um país livre, próspero e justo, independentemente de posição política”, defendeu.

Avaliação – Os atos convocados por apoiadores de Bolsonaro e movimentos sociais contrários ao governo do presidente tem gerado diversas críticas e conflitos de opinião nas redes sociais. Para alguns parlamentares do Amazonas, os conflitos tiram o foco dos problemas do país e corroboram para um clima de instabilidade prejudicial.

Para o senador Omar Aziz (PSD), o mais adequado neste momento seria discutir questões importantes como segurança pública, saúde, inflação e não factoides ou retrocessos à democracia.

“Nós tínhamos que estar debatendo a falta de emprego no Brasil. A pandemia, que ainda continua matando pessoas. Hoje, infelizmente, o presidente da República não reúne especialistas para debater. O que vemos são factoides em cima de factoides. Estamos discutindo impeachment de ministro, como se nada estivesse acontecendo no país. Há uma inversão. O presidente procura todo dia dar carniça para os urubus de plantão que querem o retrocesso na democracia, mas não creio que o povo brasileiro e as instituições vão permitir que isso aconteça”, criticou ao afirmar que o foco dessas ações é desviar a atenção em relação ao que está acontecendo.

Opinião semelhante tem o deputado estadual Serafim Correa (PSB). Conforme ele, o país vive uma crise fabricada pelo próprio governo Bolsonaro, que quer criar um factoide e ligar as suas ações negacionistas à data da nossa independência. “Isso está nos levando a uma crise que decorre do ‘custo Bolsonaro’. Gera a instabilidade, faz aumentar o dólar, cai a bolsa, afugenta os capitais e traz a inflação de volta. É lamentável”, rechaçou.

Legítimos – Já o deputado federal José Ricardo (PT) defende a mobilização. Para ele, os segmentos que lutam por direitos e que vão para as ruas questionar não só o governo Bolsonaro, mas de modo geral questionar as políticas que favorecem a desigualdade, a injustiça social e aumento da violência,  são importantes. Como é o caso do Grito dos Excluídos, movimento organizado pela Igreja Católica e que é realizado todos os anos na mesma data sempre abordando uma temática social.

“Eu acho que é um dever do cidadão ir para as ruas no 7 de Setembro para cobrar a verdadeira independência, que é a independência econômica, social e de direitos. É isso que nós temos que lutar no nosso Brasil, para fazer valer a Constituição Brasileira, que trouxe todo esse avanço de direitos fundamentais da pessoa humana”, opinou.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Delegado Péricles (PSC) considera que os atos reforçam as lutas objetivadas no movimento, que segundo ele, não tem cunho partidário.

“As manifestações da Direita são justamente para reforçar nossa conquista de independência, pelo direito à liberdade de expressão, pelo melhor da nossa população, uma vitória conquistada e da qual não podemos abrir mão. O movimento não é partidário – ao menos o que eu almejo e estou me preparando para participar, não tem esse tom. É popular mesmo, composto por cidadãos que querem o melhor para o país, mesmo que politicamente estejam em partidos diferentes. É a união no sentido de fazer valer a vontade da população e o dia simbólico reforça ainda mais essa luta”, garantiu.

Atos em Manaus – Em Manaus, os atos em favor de Bolsonaro estão programados para acontecer no centro da cidade, às 15h. Organizado pelos Movimentos Conservadores do Amazonas e apoiadores do presidente, o evento está sendo chamado de “Quadrilátero da Liberdade”. A concentração dos manifestantes será na Praça do Congresso, de onde devem percorrer as principais ruas do Centro da cidade.

“Nos colocamos e estamos à disposição para tratar da divulgação, dar publicidade, fazer vídeos e chamar todos para o Centro da cidade e, assim, promover uma grande manifestação de apoio ao nosso presidente. Vamos caminhar pelas ruas e finalizar no Teatro Amazonas, onde acabaria a motociata com o nosso presidente. Uma manifestação que precisa da adesão de todas as classes sociais”, disse um dos principais apoiadores de Bolsonaro no Estado, coronel Alfredo Menezes (Patriota).

Em relação a manifestações contra as ações do Governo Federal, os movimentos envolvidos na organização divulgaram que, no Amazonas, os atos também vão acontecer no centro de Manaus. Um deles, o 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, manifesto tradicional, vai ocorrer na avenida Lourenço da Silva Braga, próximo ao largo do Mestre Chico, com concentração às 16h.

Veja algumas publicações sobre os atos: 

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Por Izabel Guedes

Fotos: divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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