Por Arthur Virgílio Neto
Há um ano, em agosto de 2020, inaugurávamos uma importante obra construída na minha gestão frente à Prefeitura de Manaus: o Centro de Cooperação da Cidade. Trata-se de um grande salto para a Cidade Inteligente, que tanto sonhamos. O CCC José Pereira Filho é uma fábrica de soluções, que integra várias estruturas municipais e permite ao gestor administrar crises, antecipando soluções. Essa obra estratégica é um dos nossos importantes legados para a capital da Amazônia, que levou o nome de um honrado homem e culto, a quem minha esposa teve e tem muito orgulho de chamar de avô.
Manaus se preparou para ser uma cidade inteligente. Há nove anos, ainda no processo de disputa eleitoral, alertei para a necessidade de uma Manaus Inteligente conectada transversalmente em seus serviços e, diretamente, com a população. Trabalhamos incansavelmente para atingirmos esse objetivo. Os pilares foram plantados e o alicerce está bem fincado de forma profunda e segura.
Implantamos um moderníssimo Data Center, cérebro tecnológico da transformação que iniciamos. Automatizamos serviços em setores da economia, do planejamento urbano, do transporte e trânsito, da educação e da saúde; diminuímos burocracias; aplicamos a tecnologia da informação e da comunicação para fazer os cidadãos partícipes de nossos atos; construímos um planejamento estratégico até o ano de 2030 e concluímos essa etapa com a inauguração e funcionamento do Centro de Cooperação da Cidade, que possui um sistema de software de inteligência para integrar todas as informações do poder público, unindo os dados das secretarias e permitindo um sistema funcional integrado. É uma obra revolucionária que permite a cooperação e o controle nas áreas de segurança, trânsito, saúde, defesa civil entre outros serviços.
Na busca da cidade inteligente, não nos limitamos ao e-government com uso das tecnologias de informação e conhecimento dos processos internos para aproximar governo e cidadãos, mas também influímos para transformar a cidade na Manaus 4.0. A restauração do Casarão da Inovação Cassina, no Centro Histórico, veio revestida dessa compreensão e responsabilidade. Ali, instalamos o Polo Digital de Manaus, voltado para empresas de desenvolvimento tecnológico, software, TIC e economia criativa, dando oportunidade a essa nova geração, que já nasceu com os neurônios conectados às novas tecnologias, para que desenvolvam seus projetos, produtos e negócios.
Foi um bom começo e um bom exemplo, que esperamos seja seguido pelos novos e próximos governantes da cidade, pela indústria e por todos os demais setores da economia privada, elevando Manaus ao seu devido lugar e espaço. A capital verde da tecnologia.
O Brasil não pode perder o bonde da quarta revolução industrial. É o que tenho dito, até com muita insistência, diante de uma realidade inexorável: o mundo mudou de analógico para digital e quem não seguir esse rastro de mudança vai desaparecer. O vapor impulsionou a primeira revolução industrial no final do século XVIII; a eletricidade e as linhas de montagem tornaram possível a produção em massa no século XIX; a automação, os computadores e as redes conectadas provocaram a terceira revolução nos anos 70; e chegamos a quarta revolução onde o real e o digital se misturam e não mais se separam.
Esse é o resultado do avanço avassalador de diversas tecnologias que, quando combinadas, se tornam forças transformadoras e de grande impacto na sociedade, nas formas de produção, na economia, enfim, nas vidas de cada um de nós. Obviamente, a gestão pública não pode e não deve ficar de fora, eximir-se desse processo. Torna-se premente que a gestão pública incorpore os aspectos inovadores da economia 4.0, para a prestação de serviços e do atendimento ao cidadão, garantindo participação popular.
A governança só se dá plenamente quando há uma estratégia compreendida pela população, na qual ela atue como protagonista e não mais como coadjuvante ou como mero espectadora. É preciso transparência e controle social nas suas políticas públicas. Para isso, são necessárias mudanças estruturais e, até mesmo ou principalmente, culturais. Os efeitos positivos irão se refletir na economia, na redução da burocracia e na oferta de bens e serviços de qualidade, que é o princípio básico que norteia o serviço público.
Sobre o autor
Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.