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sábado, outubro 5, 2024

‘Índice de miséria’ tem patamar recorde no país com inflação e desemprego em alta

O efeito da paralisia do mercado de trabalho em ambiente de alta nos preços é considerado no indicador que aponta a escalada da inflação e a recuperação tímida do mercado de trabalho

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O indicador simplificado que mede a satisfação da população com o panorama econômico atual, aponta a escalada da inflação e a recuperação tímida do mercado de trabalho desencadearam um novo recorde negativo para a economia do país, o do “índice de miséria”.

Esse indicativo soma o percentual de desempregados no país medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC, ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, cria-se uma relação básica entre a queda de renda e aumento do custo de vida.

Dentro da metodologia uniformizada pela Pnad em 2012, o mês de maio registra o maior resultado do índice de miséria. Com a taxa de desemprego no Brasil em 14,6% no trimestre encerrado naquele mês, o indicador renovou recorde histórico em 2021, chegando a 23,47 pontos.

É utilizado o INPC em vez do IPCA porque este é um índice que retrata melhor a cesta de consumo de famílias de renda mais baixa. Segundo o IBGE, a população-objetivo do índice é moradora de área urbana e tem rendimentos de 1 a 5 salários mínimos.

O cálculo foi feito pela LCA Consultores. E antes de melhorar, a consultoria espera que a situação piore nos meses de junho, julho e agosto. Ao final da escalada, dada a expectativa de alta da inflação em 12 meses, os economistas preveem uma subida do indicador a 24,28 pontos.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, há consenso entre economistas de que haverá um novo “aquecimento” da circulação de pessoas e, por consequência, da atividade econômica. Os níveis de emprego, então, devem colher alguma melhora nos próximos meses. Mas choques inflacionários seguem com vigor, afetados pelos preços da energia elétrica, combustíveis e alimentos.

“Além de choques mais persistentes, há uma retomada por vir do setor de serviços que pode trazer mais inflação. Muitas empresas fecharam e há uma necessidade de repasse de custos por parte de quem sobrou”, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.

Outro quesito inflacionário que pode intensificar o problema é o de bens industriais. Há uma escassez internacional de insumos para produção, que também faz subir os preços.

Confusão estatística

Os resultados do índice de miséria têm um pequeno asterísco, em virtude da recente confusão com as estatísticas de emprego do país. Em suma, houve um descolamento de resultados entre as duas principais pesquisas conduzidas no Brasil.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, costuma usar os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para dizer que o país já colhe recuperação nos índices de emprego. A pesquisa mostra que foram criadas 1,5 milhão de vagas de emprego formal apenas em 2021.

Acontece que o trabalhador que foi mais afetado pela pandemia foi o informal, um campo em que o Caged não gera estatística. A Pnad, do IBGE, embarca os trabalhadores informais nos números, mas pode estar subestimando o número real do emprego porque a sondagem foi totalmente transferida para o formato remoto, feita por telefone.

Pnad e Caged: No auge do desemprego, Brasil enfrenta falhas nas estatísticas do mercado de trabalho que confundem e desorientam

“Certamente houve alguma distorção. O IBGE retornou recentemente a um esquema híbrido, com pesquisas presenciais e atualizando a base de telefones, o que pode captar melhor quem voltou a trabalhar”, lembra Imaizumi, da LCA.

“Por enquanto, não adianta comemorar o Caged porque há muita recuperação a ser feita pelo lado do trabalho informal”, diz o economista.

Com a melhora no mercado de trabalho e diminuição dos choques inflacionários, o cálculo da LCA é que o ano deve terminar mais ameno para o índice de miséria. Ao fim de 2021, a consultoria espera que o número caia para 21,58 pontos. Mesmo que a queda se confirme, o indicador continuaria mais alto que todo o ano de 2020.

 

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Informações Portal G1

Foto: Divulgação

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