Mesmo com o recesso de 15 dias do Congresso Nacional, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM) garantiu que os trabalhos investigativos da comissão não serão paralisados. De acordo com o parlamentar, os mais de dois meses de instalação do colegiado, em que 34 pessoas foram ouvidas, entre convocados e convidados, geraram aproximadamente 2 Terabytes (TB) de dados, que precisam ser analisados. As sessões semi presenciais serão retomadas no próximo dia 3 de agosto.
Dos 2 TB de arquivos recebidos pela CPI, 977 Gigabytes (GB) são de dados ostensivos e 529 GB são sigilosos. O montante é o equivalente a 500 mil fotos com uma câmera 12 Megapixels (MP); ou 1 mil horas de vídeo em HD; ou 13 milhões de páginas de documentos, ou ainda a 1,3 mil armários físicos cheios de papel.
“Nesses 15 dias, a CPI não vai parar. Não têm reuniões, mas o trabalho não para. Hoje (ontem) mesmo tenho uma reunião com os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), para que possamos fazer o cronograma de trabalho. (A CPI) tem quase 2 terabytes de conteúdo que precisam ser analisados”, afirmou Omar Aziz.
Ao fazer um balanço dos 80 dias de CPI, o presidente do colegiado afirmou que o início dos trabalhos se deu com investigações sobre o negacionismo; a propagação de medicamentos sem comprovação científica e a imunização de rebanho. “Sobre isso, a CPI tem dados suficientes para fazer o relatório. A partir daí, quando ouvimos o Fabio Wajngarten tivemos uma surpresa grande, pois a Pfizer começou a oferecer vacina para o Brasil e o Governo brasileiro não deu importância”.
Com isso, a comissão passou a investigar também sobre as negociações de vacinas e o porquê da demora para fechar o contrato com algumas empresas, o que teria feito com que 130 milhões de doses da Pfizer e da Coronavac, deixassem de ser entregues ainda em dezembro de 2020. “Surpresa maior para a CPI e para o povo brasileiro é que o Governo Brasileiro não tinha interesse de comprar a Pfizer a 10 dólares e muito menos a Coronavac, mas tinha interesse em comprar a Covaxin, da Precisa, a pelo menos 15 dólares. Agora surge esse novo componente, e com o depoimento do Cristiano (Carvalho), ele traz à tona mais nomes envolvidos na busca pela vacina fantasma”.
Quanto à retomada das sessões, o parlamentar destacou que em agosto deverão ser feitas acareações, a fim de confrontar informações apresentadas na CPI, como a respeito das invoices, da suspeita de envolvimento de membros do Ministério da Saúde (MS) em negociações de ‘vacinas fantasmas’, dentre outras. “Temos que saber como foi isso, pois, sinceramente parece coisa de filme. Há um vasto caminho de investigação a ser percorrido”.
Depoentes – Desde maio, a CPI ouviu 34 pessoas entre convocados e convidados. Dentre elas, duas estiveram presentes duas vezes em sessões da comissão. O primeiro foi o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que foi ouvido no dia 6 de maio e retornou em 8 de junho. A segunda foi a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, que esteve nos dias 13 e 14 de julho.
Cronologia dos depoimentos:
- 04.05.2021 – ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta;
- 05.05.2021 – ex-ministro de Estado da Saúde, Nelson Teich;
- 06.05.2021 – ministro da Saúde, Marcelo Queiroga;
- 11.05.2021 – Diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres;
- 12.05.2021 – ex-secretário especial de Comunicação Social da presidência, Fabio Wajngarten;
- 13.05.2021 – gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo;
- 18.05.2021 – ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo;
- 19.05.2021 – ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello;
- 25.05.2021 – secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro;
- 27.05.2021 – diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas; 01.06.2021 médica oncologista e imunologista Nise Hitomi Yamaguchi;
- 02.06.2021 – médica infectologista e ex-secretária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Luana Araújo;
- 08.06.2021 – ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, retorna à CPI;
- 09.06.2021 – ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Antônio Elcio Franco Filho;
- 11.06.2021 – a microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Natália Pasternak e médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Cláudio Maierovitch;
- 15.06.2021 – ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campelo;
- 16.06.2021 – ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel;
- 18.06.2021 – médico infectologista, Francisco Eduardo Cardoso Alves, e médico infectologista, Ricardo Ariel Zimerman;
- 22.06.2021 – ex-ministro da Cidadania e deputado Osmar Terra (MDB-RS);
- 24.06.2021 – diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do Movimento Alerta, Jurema Werneck e epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal;
- 25.06.2021 – chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e o irmão dele, deputado federal Luis Miranda (DEM-DF);
29.06.2021 deputado estadual Fausto Júnior (MDB-AM); - 30.06.2021 – empresário Carlos Wizard Martins;
- 06.07.2021 – fiscal de contratos no Ministério da Saúde, Regina Célia Silva Oliveira;
- 07.07.2021 – ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias;
- 08.07.2021 – ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato;
- 09.07.2021 – técnico da divisão de importação do Ministério da Saúde, William Amorim Santana;
- 13 e 14.07.2021 – diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades;
- 15.07.2021 – representante da empresa Davati Medical Supply, Cristiano Alberto Hossri Carvalho.
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Com informações da assessoria de imprensa
Foto: Pedro França/Agência Senado