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segunda-feira, julho 8, 2024

Em plena pandemia, Prefeitura de Pauni promove evento esportivo sem nenhuma medida de segurança contra a Covid-19

Dezenas de pessoas do município e de cidades vizinhas participaram do evento realizado pela prefeitura municipal. O vice-prefeito de Pauini, Paulo Souza (PL) desacatou uma policial que estava de plantão e foi ao local para fazer averiguação após denúncia de moradores

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A Prefeitura de Pauini (a 925 quilômetros de Manaus), mesmo em meio à pandemia, promoveu um evento esportivo na cidade sem nenhuma medida de segurança. O não uso de máscara e a inexistência de distanciamento social geraram revolta e críticas nas redes sociais. O episódio virou caso de polícia.

O evento, que causou uma intensa aglomeração, não respeitou as normas previstas no decreto publicado pela própria prefeitura, que proíbe, inclusive, a realização de grandes eventos e música ao vivo. Após a repercussão negativa, a prefeitura retirou a publicação sobre o evento de suas redes sociais.

Na publicação, a Prefeitura de Pauini justificou a realização do evento assim: “há dias sem registro de infecção por Covid-19, os atletas fizeram o teste antes da partida como parte do protocolo de segurança contra o vírus”. Na postagem, a prefeitura municipal afirmou ainda que o “evento gerou emprego e renda para dezenas de moradores do município”.

Moradores do município reclamaram do evento e escreveram sobre a falta de noção dos frequentadores do evento e também da própria prefeitura. Em um deles, a moradora ironiza: “Covid, acabou aqui em Pauini”.

Outro comentário afirma: “isso é uma falta de respeito a população” e critica o vice-prefeito do município, Paulo Souza (PL), dizendo que ele “sabe bem o que passou e deveria ser o primeiro a ser contra a aglomeração”.

Veja a repercussão: 

Antes de ser apagada, a postagem foi bastante compartilhada. Fotos, prints e vídeos mostrando como as pessoas estavam no evento esportivo, realizado no dia 5 de junho, foram amplamente divulgadas.

Confira as imagens: 

 

Um dos moradores escutados pelo O Convergente e que preferiu não ser identificado, disse ter ficado revoltado com a situação. “Eu achei isso sem proveito algum. Trazer pessoas de Boca do Acre, onde o foco da Covid-19 está grande. A gente tem se colocado em uma situação difícil, porque vem o pessoal de todos os lugares. E ninguém estava tomando as medidas sanitárias”, reclamou.

Ele alegou ainda que a Prefeitura de Pauni tem divulgado dados mentirosos sobre os casos na cidade para “acalmar” a população. “Eles colocam no boletim que tem zero casos nas últimas 24h, mas é mentira”, afirmou o morador.

Denúncia – Em função da aglomeração causada pelo evento e pelo descumprimento das normas de vigilância, o caso foi denunciado para as autoridades policiais do município. No cumprimento de sua função, a Cabo. PM Gelma Ferreira, que estava de plantão no dia do ocorrido, foi até o local para averiguação e, ao questionar o vice-prefeito do município, Paulo Souza, o Paulo da Gasolina, sobre a situação ela teria sido ofendida e desacatada por ele.

Ao Portal O Convergente, a policial relatou o que teria acontecido. “Eu procurei a coordenação do evento e pedi as autorizações sanitárias, mas não havia documentação. Perguntei se seriam tomadas as medidas de contenção do Covid-19 e não obtive respostas. Então me posicionei e informei que não seria possível a realização do evento”, disse.

Conforme a policial, o decreto municipal em vigor na época do ocorrido determina ser obrigatório o uso de máscaras, álcool em gel e 70% da capacidade do ambiente com distanciamento social. O que não estava acontecendo no campeonato, mesmo com o aumento de casos de Covid-19 na cidade.

Após a chegada da policial ao local do campeonato, conforme ela, o vice-prefeito foi à quadra e pediu que ela fosse maleável com a situação. “Eu perguntei se ele não tinha vergonha de colocar a saúde pública em risco e ele furioso, agressivo e apontou o dedo no meu rosto. Gritou para todos ouvirem dizendo que eu não pisaria mais na cidade e seria transferida. Dei voz de prisão a ele por desacato e ele fugiu me xingando, sendo protegido por secretários e assessores”, relatou a PM.

O caso foi registrado na polícia e um inquérito policial foi aberto em relação ao desacato feito a policial. “Fiz o boletim de ocorrência pelo desacato, ameaça de transferência por tráfico de influência, injúria e difamação. A situação está sendo apurada pela Polícia Civil de Pauini. Fora a situação do crime contra a saúde pública e desobediência que cometeram”, afirmou a policial.

Mesmo após o ocorrido, o campeonato, que tinha inclusive música ao vivo, continuou gerando mais aglomeração.

A Prefeitura de Pauni foi procurada pela reportagem e, por meio de sua assessoria, informou que a prefeitura não iria se manifestar sobre o assunto, até tomar conhecimento de qualquer denúncia formal.

Casos– A cidade de Pauini, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), teve mais de 2.750 casos confirmados de coronavírus. Números também constam na página oficial da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) do município.

A cidade, que segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, tem 19.522 pessoas vacinou apenas 38,7% da população com a primeira dose e 16,4% com a segunda dose.

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Por Izabel Guedes

Fotos e vídeos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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